sexta-feira, novembro 28, 2008

"A" opinião sobre o corpo feminino


Um texto delicioso de Paulo Coelho sobre as mulheres.



Não importa o quanto pesa. É fascinante tocar, abraçar e acariciar o corpo de uma Mulher. Saber o seu peso não nos proporciona nenhuma emoção.

Não temos a menor ideia de qual seja o seu manequim. A nossa avaliação é visual, isso quer dizer, se tem forma de guitarra... está bem. Não nos importa quanto medem em centímetros - é uma questão de proporções, não de medidas.

As proporções ideais do corpo de uma mulher são curvilíneas, cheinhas, femininas... Essa classe de corpo que, sem dúvida, se nota numa fração de segundo. As magrinhas que desfilam nas passarelas, seguem a tendência desenhada por estilistas que, diga-se de passagem, são quase todos gays e odeiam as mulheres e com elas competem. Suas modas são retas e sem formas e agridem o corpo que eles odeiam porque não podem tê-los.

Não há beleza mais irresistível na mulher do que a feminilidade e a doçura. A elegância e o bom trato, são equivalentes a mil viagras.

A maquiagem foi inventada para que as mulheres a usem. Usem! Para andar de cara lavada, basta a nossa. Os cabelos, quanto mais tratados, melhor.

As saias foram inventadas para mostrar suas magníficas pernas... Porque razão as cobrem com calças longas? Para que as confundam conosco? Uma onda é uma onda, as cadeiras são cadeiras e pronto. Se a natureza lhes deu estas formas curvilíneas, foi por alguma razão e eu reitero: nós gostamos assim. Ocultar essas formas, é como ter o melhor sofá embalado no sótão.

É essa a lei da Natureza... que todo aquele que se casa com uma modelo magra, anoréxica, bulêmica e nervosa logo procura uma amante cheinha, simpática, tranqüila e cheia de saúde.

Entendam de uma vez! Tratem de agradar a nós e não a vocês. Porque, nunca terão uma referência objetiva, do quanto são lindas, dita por uma mulher. Nenhuma mulher vai reconhecer jamais, diante de um homem, com sinceridade, que outra mulher é linda.

As jovens são lindas... mas as de 40 para cima, são verdadeiros pratos fortes. Por tantas delas somos capazes de atravessar o Atlântico a nado. O corpo muda... cresce. Não podem pensar, sem ficarem psicóticas que podem entrar no mesmo vestido que usavam aos 18. Entretanto uma mulher de 45, na qual entre na roupa que usou aos 18 anos, ou tem problemas de desenvolvimento ou está se auto-destruindo.

Nós gostamos das mulheres que sabem conduzir sua vida com equilíbrio e sabem controlar sua natural tendência a culpas. Ou seja, aquela que quando tem que comer, come com vontade (a dieta virá em Setembro, não antes; quando tem que fazer dieta, faz dieta com vontade (sem sabotagem e sem sofrer); quando tem que ter intimidade com o parceiro, tem com vontade; quando tem que comprar algo que goste, compra; quando tem que economizar, economiza.

Algumas linhas no rosto, algumas cicatrizes no ventre, algumas marcas de estrias não lhes tira a beleza. São feridas de guerra, testemunhas de que fizeram algo em suas vidas, não tiveram anos 'em formol' nem em spa... viveram! O corpo da mulher é a prova de que Deus existe. É o sagrado recinto da gestação de todos os homens, onde foram alimentados, ninados e nós, sem querer, as enchemos de estrias, de cesárias e demais coisas que tiveram que acontecer para estarmos vivos.

Cuidem-no! Cuidem-se! Amem-se!

A beleza é tudo isto.

sexta-feira, novembro 14, 2008

Fantasiando



Se eu fosse adolescente, fantasiava com esta mulher todas as noites. Como já sou crescidote, fantasio com ela a cada minuto do dia........que mulher, que classe, que sensualidade. Oh my god!!!






Dois videos para aguçar o apetite.






segunda-feira, novembro 10, 2008

Ainda Obama

Ainda a propósito da eleição do primeiro negro para a presidência do EUA, gostava de dizer o seguinte: é difícil não gostar deste homem.

A maneira descontraída com que fala, a fluência do discurso, a seriedade e profissionalismo que demonstra ter só nos poderão ter mais esperança num futuro melhor.

Como dizia o General Loureiro dos Santos no outro dia na RTP, os americanos não elegeram apenas o presidente do seu país. Para muitos, foi eleito o presidente do planeta Terra. Quer se goste ou não, é com certeza o cargo político com mais poder no mundo. São as políticas que eles tomam que fazem deste planeta um melhor lugar, ou não, para viver. Infelizmente, os últimos oito anos foram a prova disso, mas no mau sentido.

Todos nós estamos esperançados que os próximos tempos sejam de desanuviamento geral.

Eu também espero que sejam.

E voçês?


Deixo-vos aqui um pequeno video do homem que acreditou até ao fim. Aqui, já eleito, e com um humor que lhe era desconhecido, mas que lhe acenta como uma luva.

Yes we can, yes we did!



Tradução do discurso de vitória


Boa noite, Chicago.

Se ainda houver alguém que duvida que a América é o lugar onde todas as coisas são possíveis, que questiona se o sonho dos nossos fundadores ainda está vivo, que ainda duvida do poder da nossa democracia, teve esta noite a sua resposta.

É a resposta dada pelas filas de voto que se estendiam em torno de escolas e igrejas em números que esta nação jamais vira, por pessoas que esperaram três e quatro horas, muitas pela primeira vez na sua vida, porque acreditavam que desta vez tinha de ser diferente, que as suas vozes poderiam fazer essa diferença.

É a resposta dada por jovens e velhos, ricos e pobres, democratas e republicanos, negros, brancos, hispânicos, asiáticos, nativos americanos, homossexuais, heterossexuais, pessoas com deficiências e pessoas saudáveis. Americanos que enviaram uma mensagem ao mundo, a de que nunca fomos apenas um conjunto de indivíduos ou um conjunto de Estados vermelhos e azuis.

Somos e sempre seremos os Estados Unidos da América.

É a resposta que levou aqueles, a quem foi dito durante tanto tempo e por tantos para serem cínicos, temerosos e hesitantes quanto àquilo que podemos alcançar, a porem as suas mãos no arco da História e a dobrá-lo uma vez mais em direcção à esperança num novo dia.

Há muito que isto se anunciava mas esta noite, devido àquilo que fizemos neste dia, nesta eleição, neste momento definidor, a mudança chegou à América.

Há pouco recebi um telefonema extraordinariamente amável do Senador McCain.

O Senador McCain lutou longa e arduamente nesta campanha. E lutou ainda mais longa e arduamente pelo país que ama. Fez sacrifícios pela América que muitos de nós não conseguimos sequer imaginar. Estamos hoje melhor devido aos serviços prestados por este líder corajoso e altruísta.

Felicito-o e felicito a governadora Palin por tudo aquilo que alcançaram. Espero vir a trabalhar com eles para renovar a promessa desta nação nos próximos meses.

Quero agradecer ao meu parceiro neste percurso, um homem que fez campanha com o seu coração e falou pelos homens e mulheres que cresceram com ele nas ruas de Scranton e viajaram com ele no comboio para Delaware, o vice-presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden.

E eu não estaria aqui hoje sem o inabalável apoio da minha melhor amiga dos últimos 16 anos, a pedra angular da nossa família, o amor da minha vida, a próxima Primeira Dama do país, Michelle Obama.

Sasha e Malia, amo-vos mais do que poderão imaginar. E merecem o novo cachorro que virá connosco para a nova Casa Branca.

E embora ela já não esteja entre nós, sei que a minha avó está a observar-me, juntamente com a família que fez de mim aquilo que sou. Tenho saudades deles esta noite. Reconheço que a minha dívida para com eles não tem limites.

Para a minha irmã Maya, a minha irmã Alma, todos os meus outros irmãos e irmãs, desejo agradecer-vos todo o apoio que me deram. Estou-vos muito grato.

E ao meu director de campanha, David Plouffe, o discreto herói desta campanha, que, na minha opinião, concebeu a melhor campanha política da história dos Estados Unidos da América.

E ao meu director de estratégia, David Axelrod, que me tem acompanhado em todas as fases do meu percurso.

Para a melhor equipa alguma vez reunida na história da política: tornaram isto possível e estou-vos eternamente gratos por aquilo que sacrificaram para o conseguir.



Mas acima de tudo nunca esquecerei a quem pertence verdadeiramente esta vitória. Ela pertence-vos a vós. Pertence-vos a vós.

Nunca fui o candidato mais provável para este cargo. Não começámos com muito dinheiro nem muitos apoios. A nossa campanha não foi delineada nos salões de Washington. Começou nos pátios de Des Moines, em salas de estar de Concord e nos alpendres de Charleston. Foi construída por homens e mulheres trabalhadores que, das suas magras economias, retiraram 5 e 10 e 20 dólares para a causa.

Foi sendo fortalecida pelos jovens que rejeitavam o mito da apatia da sua geração e deixaram as suas casas e famílias em troca de empregos que ofereciam pouco dinheiro e ainda menos sono.

Foi sendo fortalecida por pessoas menos jovens, que enfrentaram um frio terrível e um calor sufocante para irem bater às portas de perfeitos estranhos, e pelos milhões de americanos que se ofereceram como voluntários, se organizaram e provaram que mais de dois séculos depois, um governo do povo, pelo povo e para o povo não desaparecera da Terra.

Esta vitória é vossa.

E sei que não fizeram isto apenas para vencer uma eleição. E sei que não o fizeram por mim.

Fizeram-no porque compreendem a enormidade da tarefa que nos espera. Porque enquanto estamos aqui a comemorar, sabemos que os desafios que o amanhã trará são os maiores da nossa vida – duas guerras, uma planeta ameaçado, a pior crise financeira desde há um século.

Enquanto estamos aqui esta noite, sabemos que há americanos corajosos a acordarem nos desertos do Iraque e nas montanhas do Afeganistão para arriscarem as suas vidas por nós.

Há mães e pais que se mantêm acordados depois de os seus filhos adormecerem a interrogarem-se sobre como irão amortizar a hipoteca, pagar as contas do médico ou poupar o suficiente para pagar os estudos universitários dos filhos.

Há novas energias para aproveitar, novos empregos para serem criados, novas escolas para construir, ameaças para enfrentar e alianças para reparar.

O caminho à nossa frente vai ser longo. A subida vai ser íngreme. Podemos não chegar lá num ano ou mesmo numa legislatura. Mas América, nunca estive tão esperançoso como nesta noite em como chegaremos lá.

Prometo-vos. Nós, enquanto povo, chegaremos lá.

Haverá reveses e falsas partidas. Há muitos que não concordarão com todas as decisões ou políticas que eu tomar como presidente. E sabemos que o governo não consegue solucionar todos os problemas.

Mas serei sempre honesto para convosco sobre os desafios que enfrentarmos. Ouvir-vos-ei, especialmente quando discordarmos. E, acima de tudo, pedir-vos-ei que adiram à tarefa de refazer esta nação da única forma como tem sido feita na América desde há 221 anos – pedaço a pedaço, tijolo a tijolo, e com mãos calejadas.

Aquilo que começou há 21 meses no rigor do Inverno não pode acabar nesta noite de Outono.

Somente a vitória não constitui a mudança que pretendemos. É apenas a nossa oportunidade de efectuar essa mudança. E isso não poderá acontecer se voltarmos à forma como as coisas estavam.

Não poderá acontecer sem vós, sem um novo espírito de empenho, um novo espírito de sacrifício.

Convoquemos então um novo espírito de patriotismo, de responsabilidade, em que cada um de nós resolve deitar as mãos à obra e trabalhar mais esforçadamente, cuidando não só de nós mas de todos.

Recordemos que, se esta crise financeira nos ensinou alguma coisa, é que não podemos ter uma Wall Street florescente quando as Main Street sofrem.

Neste país, erguemo-nos ou caímos como uma nação, como um povo. Resistamos à tentação de retomar o partidarismo, a mesquinhez e a imaturidade que há tanto tempo envenenam a nossa política.

Recordemos que foi um homem deste Estado que, pela primeira vez, transportou o estandarte do Partido Republicano até à Casa Branca, um partido fundado em valores de independência, liberdade individual e unidade nacional.

São valores que todos nós partilhamos. E embora o Partido Democrata tenha alcançado uma grande vitória esta noite, fazemo-lo com humildade e determinação para sarar as divergências que têm atrasado o nosso progresso.

Como Lincoln disse a uma nação muito mais dividida do que a nossa, nós não somos inimigos mas amigos. Embora as relações possam estar tensas, não devem quebrar os nossos laços afectivos.

E àqueles americanos cujo apoio ainda terei de merecer, posso não ter conquistado o vosso voto esta noite, mas ouço as vossas vozes. Preciso da vossa ajuda. E serei igualmente o vosso Presidente.

E a todos os que nos observam esta noite para lá das nossas costas, em parlamentos e palácios, àqueles que estão reunidos em torno de rádios em cantos esquecidos do mundo, as nossas histórias são únicas mas o nosso destino é comum, e uma nova era de liderança americana está prestes a começar.

Aos que querem destruir o mundo: derrotar-vos-emos. Aos que procuram a paz e a segurança: apoiar-vos-emos. E a todos aqueles que se interrogavam sobre se o farol da América ainda brilha com a mesma intensidade: esta noite provámos novamente que a verdadeira força da nossa nação não provém do poder das nossas armas ou da escala da nossa riqueza, mas da força duradoura dos nossos ideais: democracia, liberdade, oportunidade e uma esperança inabalável.

É este o verdadeiro génio da América: que a América pode mudar. A nossa união pode ser aperfeiçoada. O que já alcançámos dá-nos esperança para aquilo que podemos e devemos alcançar amanhã.

Esta eleição contou com muitas estreias e histórias de que se irá falar durante várias gerações. Mas aquela em que estou a pensar esta noite é sobre uma mulher que depositou o seu voto em Atlanta. Ela é muito parecida com os milhões de pessoas que aguardaram a sua vez para fazer ouvir a sua voz nestas eleições à excepção de uma coisa: Ann Nixon Cooper tem 106 anos.

Ela nasceu apenas uma geração depois da escravatura, numa época em que não havia automóveis nas estradas nem aviões no céu; em que uma pessoa como ela não podia votar por duas razões – porque era mulher e por causa da cor da sua pele.

E esta noite penso em tudo o que ela viu ao longo do seu século de vida na América – a angústia e a esperança; a luta e o progresso; as alturas em que nos foi dito que não podíamos e as pessoas que não desistiram do credo americano: Sim, podemos.

Numa época em que as vozes das mulheres eram silenciadas e as suas esperanças destruídas, ela viveu o suficiente para se erguer, falar e votar. Sim, podemos.

Quando havia desespero e depressão em todo o país, ela viu uma nação vencer o seu próprio medo com um New Deal, novos empregos, e um novo sentimento de um objectivo em comum. Sim, podemos.

Quando as bombas caíam no nosso porto e a tirania ameaçava o mundo, ela esteve ali para testemunhar uma geração que alcançou a grandeza e salvou uma democracia. Sim, podemos.

Ela viu os autocarros em Montgomery, as mangueiras em Birmingham, uma ponte em Selma, e um pregador de Atlanta que dizia às pessoas que elas conseguiriam triunfar. Sim, podemos.

Um homem pisou a Lua, um muro caiu em Berlim, um mundo ficou ligado pela nossa ciência e imaginação.

E este ano, nestas eleições, ela tocou com o seu dedo num ecrã e votou, porque ao fim de 106 anos na América, tendo atravessado as horas mais felizes e as horas mais sombrias, ela sabe como a América pode mudar.

Sim, podemos.

América, percorremos um longo caminho. Vimos tanto. Mas ainda há muito mais para fazer. Por isso, esta noite, perguntemos a nós próprios – se os nossos filhos viverem até ao próximo século, se as minhas filhas tiverem a sorte de viver tantos anos como Ann Nixon Cooper, que mudança é que verão? Que progressos teremos nós feito?

Esta é a nossa oportunidade de responder a essa chamada. Este é o nosso momento.

Este é o nosso tempo para pôr o nosso povo de novo a trabalhar e abrir portas de oportunidade para as nossas crianças; para restaurar a prosperidade e promover a causa da paz; para recuperar o sonho americano e reafirmar aquela verdade fundamental de que somos um só feito de muitos e que, enquanto respirarmos, temos esperança. E quando nos confrontarmos com cinismo e dúvidas e com aqueles que nos dizem que não podemos, responderemos com o credo intemporal que condensa o espírito de um povo: Sim, podemos.

Muito obrigado. Deus vos abençoe. E Deus abençoe os Estados Unidos da América

Tradução de Mª João Batalha Reis

quinta-feira, outubro 30, 2008

Impressionante

É impressionante o que este indivíduo consegue fazer com a guitarra.

A música é para os mais saudosistas, uma delícia de música

quarta-feira, outubro 29, 2008

A arte do beijo

Saber ou não saber beijar, eis a questão.

terça-feira, outubro 28, 2008

Carta tipo

Uma carta tipo para se ter sempre à mão.

"Caros Vizinhos,

Lamento referir-me a um assunto tão intímo vosso, mas é por este acabar por não ser realmente privado, que vos alerto.

Todos gostamos de dar uma boa queca, é natural. Todavia, é importante ter consciência se o condomínio "assiste" a acto tão privado. E assiste!!! Não visualmente, claro, mas a barulheira que é feita no árduo desempenho do acto, certamente "acorda" os mortos do cemitério à nossa beira.

Confesso que os gemidos femininos até nem incomodam, ouvem-se baixinho e transmitem uma sensualidade que é naturalmente agradável, masquanto os resto, o caso muda de figura.

Os barulhos do mobiliário a arrastar, as pancadas ritmadas na parede espalham-se pela estrutur do edifício. Não é preciso ser engenheiro ou licenciado em engenharia para perceber que os ruídos e as vibrações estruturais são os mais difíceis de isolar e os mais incomodativos.

Portanto, ou compram uma cama nova, ou fodem no chão!!!

Não me fodam é a mim.

Boas fodas


Atentamente

O Vizinho de baixo"

domingo, outubro 19, 2008

O Capitão


Um artigo muito interessante no Correio da Manhã de hoje.


Uma homenagem a este grande jogador e homem, muitas vezes injustiçado.



"Morte anunciada é um exageroUm toque de calcanhar em meia-dúzia de minutos bastou para Nuno Gomes vincar a sua inteligência e aptidão futebolística numa selecção sem talento nem experiência com que Carlos Queiroz falhou, nesta semana, a abordagem de dois adversários de segunda categoria na qualificação para o Mundial de 2010. Se alguma certeza transitou da infausta jornada foi o erro clamoroso da ‘inutilidade’ de Nuno Gomes, cuja ‘morte futebolística’ não tem passado de uma notícia recorrente mas claramente exagerada – como diria Mark Twain.
O axioma aplica-se em toda a linha à figura do goleador benfiquista, que sofre da mesma perseguição dentro do próprio clube, de onde nas últimas semanas têm sido expedidas sucessivas mensagens de hipotéticos interesses de emblemas estrangeiros, na esperança de que, como fez Petit, também ele desampare a loja e deixe roda-livre às contratações por atacado. Na Luz, como na Selecção em renovação, os 32 anos de Nuno Gomes despertam um preconceito contra a veterania que não tem cabimento no futebol moderno.
O problema, para Rui Costa e para Queiroz, é que, nos pequenos universos onde se move, Nuno Gomes ainda consegue ser o melhor e manter um rendimento que provocaria saudades. Impressionante dilema este, gerado por um jogador que insiste em manter-se bem vivo desportivamente e cuja honestidade de processos contrasta com o exercício de poder dos treinadores, que não precisam de justificar as suas opções mais obtusas.
Neste ano, o capitão encarnado não tem sequer padecido de problemas físicos e a assinatura de três golos de autor e importantes seria mais do que suficiente para justificar um posto na Selecção. Agora, fica entregue aos desígnios da sorte benfiquista, lutando para não ser uma cara velha num plantel que se alimenta, de forma viciada, das novidades do mercado.
Depois de Outubro, com o restabelecimento de Suazo e Aimar no Benfica, é provável que o espaço de Nuno venha a ficar mais estreito, ajudando então Queiroz a legitimar a sua esdrúxula opção pelo monolítico Hugo Almeida. É um desafio tremendo o que se esconde na esquina da última etapa da carreira de Nuno Gomes, obrigado outra vez a ‘provar’ capacidades extremas, não obstante não existir quem se lhe compare no espectro da concorrência.


OS ESTRANGEIROS
No Benfica, para satisfazer a turba- multa, tornou-se obrigatório contratar estrangeiros. Nestes dez anos, viu aterrar na Luz os parceiros mais exóticos, a todos ‘sobrevivendo’. Depois de Paulo Nunes, Deane, Saunders, Tote, Karadas, Delibasic, Marcel, Miccoli, Fonseca, Bergessio, Cardozo, neste ano chegaram Aimar e Suazo: um bom estímulo.


OS JOVENS
Com Scolari, perdeu a titularidade para Pauleta, e ao longo dos anos em que espreitava a oportunidade ainda teve de confrontar-se com as ‘revelações’ de Postiga e H. Almeida, além da concorrência de Ronaldo e das ‘ameaças’ de Makukula, Danny e Djaló, merecendo mais confiança dos adeptos que dos treinadores.


RENOVAÇÃO OBRIGATÓRIA
A opção do Benfica para este ano, com a tomada de poder por Rui Costa, pressupôs uma renovação global do plantel e da equipa, desde logo com o afastamento definitivo de um histórico como Petit e de ‘veteranos’ como Nélson, Nuno Assis ou Luís Filipe e com o cerco a outras figuras como Luisão, Léo, Mantorras – cada vez mais perto da porta de saída. A posição de Nuno Gomes, ‘a priori’, também devia contar deste lote de rostos a substituir, mas a capacidade de regeneração do goleador e a fragilidade física dos putativos substitutos têm-no agarrado à vida. Os próximos meses ajudarão a perceber se conseguirá resistir, tarefa quase impossível perante o investimento obrigatório nas novas figuras.


ERRO DE 'CASTING'
Na Selecção, embora já pouco tenha a ver com a ‘escolinha’ do professor Queiroz, Nuno Gomes ainda corporiza a chamada ‘Geração de Ouro’, assumindo a transição para a nova vaga que alguns ainda vêem na fase final do Mundial de 2010. Mas o ‘casting’ estranho dos últimos jogos, que o deixou à margem de uma equipa sem poder ofensivo, já permite duvidar de que ainda venha a conseguir estar (e marcar) numa sexta fase final consecutiva, sendo claros os indícios de que o seleccionador prepara o afastamento dele dos planos de construção de uma 'grande equipa'. Nuno Gomes pode não sobreviver ao desgaste de um treinador que convive mal com jogadores adultos."

Por João Querido Manha in Correio da Manhã.